domingo, 30 de outubro de 2011

Faça o que deve ser feito!

Há alguns dias eu e meu parceiro de trabalho levamos um sabão do nosso chefe. Ainda que nós tivéssemos a Lei ao nosso favor, sou obrigado a concordar que o chefe estava com a razão. Pode parecer irônico, mas ocorreu um daqueles momentos em que, embora estivéssemos cumprindo a Lei, estávamos errados. E eu, mais do que ninguém, sempre fui descarado o suficiente para desobedecer às ordens que, para mim, apenas complicam ou impossibilitam o cumprimento de minhas tarefas. Sempre encontro um modo de justificar a desobediência e geralmente o melhor fator sempre é o sucesso da missão demonstrando que se eu tivesse cumprido esta ou aquela ordem, o fracasso ocorreria inevitavelmente. Posso dizer tranquilamente, que nunca fui repreendido por agir assim.
A verdade é que sigo a cartilha de Sun Tzu. Ele foi um general na China, e o que escreveu sobre guerras é utilizado até hoje. Em determinado momento Sun Tzu declara que para se obter sucesso em algumas missões, algumas vezes as ordens dos reis devem ser desobedecidas.
Como foi o episódio
Nosso chefe entrou de férias e outro ficou respondendo pelo lugar dele. Nosso setor tem uma responsabilidade que envolve todo estado e nesse período ocorreram dois eventos, que pela ordem natural das coisas, as apurações ficariam sob a responsabilidade minha e de meu parceiro. No entanto, nosso  chefe momentâneo, nos informou que os setores mais próximos ao local dos eventos fariam as apurações. Considerando as distâncias onde ocorreram os eventos, e a ordem expressa do chefe, eu e meu colega concordamos. E foi exatamente aí, que erramos. Nesse momento, deveríamos ter ignorado a ordem e realizado a apuração dos fatos, ainda que causasse certo desconforto no local de trabalho. Tínhamos tudo que era necessário para fazê-lo, menos, por assim dizer, a autorização do chefe de plantão. Usamos os argumentos de que qualquer cobrança da chefia superior seria feita em nosso setor, e não naquele mais próximo ao evento e que nós teríamos maior possibilidade de fazer um trabalho mais eficaz e eficiente. Nada disso adiantou.
O tempo passou, as férias de nosso chefe acabaram, e adivinhe qual foi a primeira pergunta que ele nos fez? Isso mesmo, perguntou a razão de não termos apurado os dois eventos. Meu colega é um pouco gago, imaginem como ele ficou. Eu me olhei no espelho e vi apenas um tacho de pastel de vento. A ordem do chefe que nos impediu de verificar os fatos era uma ordem juridicamente correta, mas ela somente dificultou nosso trabalho. Tivemos que fazer tudo aquilo que deveríamos ter feito no tempo certo. Por nossa sorte a apuração feita pelos setores mais próximos aos eventos vai muito bem, obrigado!
Embora eu já tivesse desobedecido a ordens do chefe de plantão dessa vez não o fiz. E fiquei com cara de bocó quando me perguntaram sobre os eventos. Resultado: reaprendi a lição. Escrevi cem vezes no computador: Devo desobedecer a ordem que dificultem ou impossibilitem minhas tarefas, devo desobedecer a ordens que dificultem ou impossibilitem minhas tarefas,....
Eu trabalho com segurança pública, e com isso não se brinca, infelizmente nosso setor é o único do mundo que tem concurso para chefe. Ou seja, uma pessoa que nunca entrou em nosso setor e não tem a menor idéia de como as coisas funcionam realmente, é aprovado em um concurso público e do dia para noite passa a (tentar) administrar um setor que não tem padrão de operação (é isso mesmo, cada um faz o que acha melhor), e sobre o qual nenhuma escola ensina. Costumo dizer que é mesma coisa que colocar um carroceiro para administrar a bolsa de valores.
Portanto, fica a lição da semana: faça o deve ser feito, não espere por ordens.




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